sexta-feira, 13 de março de 2009

O melhor vendedor do mundo


O homem que se vê na foto é um vendedor de créditos firmados, por muitos desconhecido. Ligado à área das novas tecnologias (ou nem tanto, mas já lá vamos), atingiu recordes históricos de vendas e é já o principal factor de aumento das exportações portuguesas. Vamos aos factos:

- Vendeu um milhão de portáteis à Venezuela;

- Vendeu mais cerca de cem mil a Cabo Verde ainda ontem;

- Ofereceu trezentos mil às crianças portuguesas, do alto da sua generosidade, após os lucros ganhos com a Venezuela.

- Vende mais uns quantos de cada vez que sai do país, nunca perdendo a oportunidade de falar do Magalhães. Ainda na última cimeira ibero-americana, onde se discutia a crise mundial, a instabilidade política na América do Sul, a crise do petróleo, o comunicado deste vendedor incluiu frases como "Todos os meus assessores (voz fanhosa) usam o Magalhães, porque não precisam de nenhum outro. É um computador com tecnologia de ponta para ser usado dos 8 aos 88."

Diz-se que um bom vendedor é aquele que conseguia vender frigoríficos a esquimós, ou aquecedores a óleo na Arábia Saudita, convencendo as pessoas que de facto precisam mesmo daquele objecto, e que é de qualidade irrefutável. Melhor ainda é o vendedor que vende coisas sem qualidade, mas deixa os clientes satisfeitos, mesmo assim. Mas esses, ao pé deste homem, não passam de amadores. As suas façanhas incluem:

- Convencer Portugal que está oferecendo computadores às crianças. O teatro foi montado para a televisão, como se de um anúncio se tratasse, mostrando este vendedor a dar Magalhães a crianças radiantes de felicidade em várias escolas, sem no entanto mostrar no fim os Magalhães a serem de novo encaixotados com os miúdos todos a chorar. Isto sim, foi tirar-lhes chupa-chupas com requintes de malvadez!

- Convencer Portugal que está oferecendo computadores. Claro, ninguém os pagou, não foram os nossos impostos nem nada, foi com os lucros das vendas a outros otários, digo, países.

- Convencer todos que quem está a ganhar dinheiro com isto não é uma empresa informática. Essa empresa só pode se parte do estado, claro. Os lucros do Magalhães, provavelmente, estão a servir para pagar hospitais e escolas, revertem sempre a favor do contribuinte. Nunca, em momento algum, esses são para pagar ordenados milionários, jantares de luxo, Mercedes, casas no Algarve.

- Convencer o mundo que o PC é, como ele diz, "Cem por cento português" (voz fanhosa). Talvez a frase correcta fosse "Cem por cento montado em Portugal com peças cem por cento compradas no exterior".

- E a melhor de todas: convencer o mundo todo, inclusive presidentes da América do Sul, que o Magalhães é à prova de bomba, como ele disse, e topo de gama, com tecnologia de ponta. Já foi topo de gama, com tecnologia de ponta. Por volta de 2002, ou coisa parecida. Seis anos antes de sair para o mercado, pois os seus componentes são apenas peças Intel e afins já bastante obsoletas.

Agora digam-me lá, não estamos nós já a sair da crise, com um vendedor galáctico como este nos comandos do país, a tratar pessoalmente das exportações, e a oferecer-nos parte dos lucros na forma de Magalhães?

Sem comentários:

Enviar um comentário